Em Portugal gastam-se anualmente 1.653 Euros para tratar uma pessoa com diabetes, um custo inferior ao de outros países da União Europeia, como França, Reino Unido ou Itália, países com uma prevalência muito inferior.
A Revista Portuguesa de Farmacoterapia publica amanhã uma análise de evidência intitulada A Diabetes em Portugal: um contributo para uma melhor compreensão da realidade portuguesa, que coloca em perspetiva os
gastos com a doença em Portugal e a evolução na qualidade do tratamento da pessoa com diabetes.
“Os custos totais da diabetes são elevados (ascendem a 960 milhões de euro por ano na população diagnosticada), mas os dados indicam que o gasto com a diabetes está controlado. Mesmo considerando que Portugal é dos países da Europa com maior prevalência da diabetes, o gasto médio por doente diabético no nosso país é muito inferior ao gasto médio nos restantes países da União Europeia (UE)”, explica José Aranda da Silva, diretor da Revista Portuguesa de Farmacoterapia.
O consumo de antidiabéticos orais aumentou significativamente ao longo dos últimos anos em toda a Europa, no entanto esse crescimento é menos acentuado em Portugal, estando em linha com a média dos 15 países da UE. E, nos
últimos anos, registaram-se melhorias significativas no seguimento dos doentes em Portugal que este estudo vem agora evidenciar. Cerca de 81 por cento das pessoas com diabetes seguidas nos Cuidados de Saúde Primários têm registo de consulta, 80 por cento registo de pedido de HbA1c, 58 por cento com registo de observação do pé e há dois anos foram realizadas mais de 100.000 retinografias a nível nacional.
“Embora existam motivos para continuar a monitorizar as hipoglicemias, o número de internamentos por descompensação e/ou complicações está estável e é metade do que seria expectável para um país com a nossa prevalência da diabetes. A taxa atual de hospitalizações em Portugal também teve uma redução significativa, cerca de 8,4 por cento, colocando Portugal entre os países da Europa com taxa mais baixa. Existe, por isso, um melhor controlo e um melhor acompanhamento da pessoa com diabetes” acrescenta José Aranda da Silva.
João Nabais, Presidente da International Diabetes Federation, European Region, que assina o prefácio deste estudo, refere que “esta publicação, o conhecimento e divulgação destes dados é fundamental para avaliar a situação atual e perspetivar o que pode ser feito para mudar a diabetes em Portugal pois fornecem-nos boas indicações sobre o que podemos e devemos fazer”. E aponta caminhos a seguir, “é urgente implementar medidas eficazes de prevenção na diabetes, quer seja prevenção primária quer secundária. O estado atual da ciência coloca à nossa disposição um conjunto de soluções que urge colocar em prática para prevenir ou retardar o surgimento da diabetes e também prevenir o surgimento das complicações associadas ao mau controlo da doença, determinantes nos custos pessoais e económicos da diabetes”, conclui.
A população diabética portuguesa carateriza-se por uma elevada percentagem de doentes idosos, com excesso de peso e um elevado nível de iliteracia.
Mais de 56 por cento dos doentes com diabetes tem 60 ou mais anos, 90 por cento tem excesso de peso e 30 por cento não sabe escrever nem ler. As caraterísticas da população podem influenciar a forma como se aborda o
tratamento e quais as opções terapêuticas mais adequadas para controlar a doença.
Os dados completos de evidência sobre a diabetes serão publicados, amanhã, na Revista Portuguesa de Farmacoterapia e estarão em debate no VII Fórum Diabetes, uma iniciativa da Novartis, que vai decorrer no próximo dia 11 de outubro, pelas 15:00, no Taguspark, em Lisboa.
Em Portugal existem atualmente mais de 1 milhão de pessoas com diabetes. Estima-se que em 2035 a prevalência desta doença crónica atinja os 15,8 por cento, cerca de 1,2 milhões de pessoas.