Um estudo publicado recentemente na revista científica Cytokine mostra o potencial das células estaminais mesenquimais (MSCs) para o tratamento da psoríase, uma doença crónica e autoimune da pele que afeta 2 a 3% da população mundial.
No artigo, destaca-se o caso de um homem de 47 anos com psoríase que, ao fim de 25 anos de tratamentos convencionais sem verificar melhorias significativas, teve as suas lesões psoriáticas praticamente eliminadas após a aplicação de MSCs do cordão umbilical (UC‑MSCs). Três meses após o início do tratamento, as manchas vermelhas desapareceram completamente e as lesões não voltaram a surgir. Durante os cinco meses de acompanhamento do doente, verificou-se que as lesões psoriáticas estavam praticamente eliminadas, confirmando a segurança e eficácia do tratamento com UC‑MSCs.
Além deste caso de sucesso, o artigo refere também os resultados de diversos estudos em modelo animal e de ensaios clínicos em humanos. Estes estudos demonstraram que as MSCs conseguem reduzir a inflamação e a severidade das lesões cutâneas e promover mudanças positivas nas células da pele afetadas pela doença, o que indica que as MSCs podem constituir uma nova abordagem no tratamento da psoríase.
A psoríase é uma condição que afeta significativamente a qualidade de vida dos doentes e que se manifesta, frequentemente, entre os 15 e 25 anos. Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas escamosas na pele, acompanhadas por inflamação, que pode afetar outros órgãos. Embora a causa da psoríase não seja ainda conhecida, sabe-se que estes doentes sofrem uma ativação excessiva do sistema imunitário, que leva à proliferação celular descontrolada e à diferenciação anormal das células da pele.
As células estaminais mesenquimais têm atraído especial atenção devido à capacidade de regular a atividade do sistema imunitário e combater a inflamação, e aos resultados que têm sido alcançados no tratamento de diversas doenças. “As células estaminais mesenquimais representam uma abordagem terapêutica inovadora e promissora para o tratamento da psoríase, oferecendo benefícios regenerativos e imunomoduladores que podem superar as limitações das terapias atuais.”, refere Eduardo Carvalho, do Departamento de I&D da Crioestaminal.
Os autores do estudo reconhecem a necessidade da pesquisa contínua e de mais ensaios clínicos para que seja possível avançar no conhecimento sobre a segurança e eficácia destas células, possibilitando a sua aplicação segura na prática clínica. A investigação nesta área poderá contribuir para melhorar significativamente a qualidade de vida dos doentes com psoríase, abrindo caminho para tratamentos mais eficazes e personalizados.