A asma é uma doença inflamatória crónica das vias respiratórias, responsável por episódios recorrentes de pieira, dificuldade respiratória, aperto torácico e tosse, sobretudo no início ou final do dia.
Afeta 300 milhões de pessoas em todo o mundo e é uma das doenças crónicas mais frequentes na criança, sendo que em 2025 será a doença crónica com maior prevalência na infância. Além do componente genético, que muitas vezes é determinante é influenciada por mudanças ambientais, climatéricas e do estilo de vida. Em Portugal, o número de casos de asma infantil tem vindo a aumentar e estima-se que, atualmente, afete cerca de 15 por cento das crianças.
Os sintomas em crianças até aos dois anos de idade podem não ser suficientemente evidentes, manifestando-se a doença apenas através de tosse noturna e matinal, aperto no peito e/ou respiração acelerada. Estes sinais podem ser esporádicos, intermitentes ou persistentes e a intensidade pode variar entre ligeira, moderada ou grave.
A primeira manifestação da doença costuma surgir antes dos cinco anos de idade e influencia diretamente a vida das crianças em diversas áreas: atividade física, bem-estar psíquico, social e sucesso escolar. Deste modo, torna-se imprescindível o diagnóstico precoce da asma infantil como o único procedimento capaz de evitar a progressão da doença, a sua evolução para formas irreversíveis e a sua interferência na qualidade de vida das crianças.
As crises de asma podem ser desencadeadas ou agravadas por estímulos específicos, como os ácaros do pó de casa, os pêlos dos animais, os pólenes das plantas, os bolores e alguns alimentos, ou por estímulos não específicos, que incluem infeções virais ou agentes irritantes (perfumes, vernizes, tintas, vapores de cozinhados, pó de talco, poluentes atmosféricos, fumo do tabaco), alterações climatéricas e prática de exercício físico.
Para diagnosticar a asma, o médico deverá solicitar a realização de vários exames, como é o caso dos testes cutâneos, que verificam os alergénios que provocam a reação alérgica, ou o estudo da função respiratória que avalia alterações existentes, a determinação do óxido nítrico exalado que reflete o grau de inflamação dos brônquios. Para complementar o diagnóstico, podem ainda ser solicitados exames ao sangue, fezes e estudos radiológicos.
Os inaladores, comprimidos, xaropes ou aerossóis são os medicamentos mais utilizados para o tratamento da asma e para o controlo das crises. No entanto, o tratamento é adaptado a cada doente, estando sempre dependente da gravidade e natureza da doença. Esta doença não tem cura mas pode ser controlada. Particular importância deve ser dada à terapêutica inalatória pelas suas vantagens (maior eficácia e menos efeitos secundários).
No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Asma, que se assinala a 5 de maio, a Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica vai realizar sessões de sensibilização em escolas do ensino básico e secundário em todo o país com o objetivo de promover o diagnóstico precoce da asma em idade escolar.
LIBÉRIO RIBEIRO
Presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica