Duas décadas e meia depois de ter dado os primeiros passos, a nível nacional, o Programa de Cirurgia de Epilepsia da ULS de Coimbra é full member da Rede Europeia de Referência em Epilepsias Raras e Complexas (EpiCARE), desde 2017
O Programa de Cirurgia de Epilepsia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, foi iniciado em 1997, consolidando-se em 1999 com as primeiras cirurgias mais complexas realizadas em Portugal: cirurgia com o doente acordado e cirurgias invasivas. Atualmente, uma equipa altamente experiente realiza, anualmente, entre 20 a 25 cirurgias e segue cerca de 150 doentes (avaliações pré-cirurgia) por ano.
“Somos um Centro de Referência de Epilepsia Refratária desde 2015”, explica Francisco Sales, Neurologista responsável pelo programa, frisando ainda que esta foi “a primeira Unidade de Monitorização de Epilepsia a ser criada em Portugal, em 1997, e o primeiro programa de Cirurgia de Epilepsia conjunto, com cirurgia de epilepsia em crianças e em adultos na mesma instituição”.
“As cirurgias são indicadas para os casos de epilepsia refratária, ou seja, aqueles em que o uso regular de medicamentos adequados não é suficiente para controlar totalmente as crises epiléticas”, explica o especialista, acrescentando que “as cirurgias ajudam a controlar as crises epiléticas e a trazer qualidade de vida ao doente e aos seus familiares”. Cada doente é analisado individualmente e, a partir da avaliação conjunta de uma equipa multidisciplinar, é traçado um plano cirúrgico que atenda às suas necessidades. Na maioria dos casos, os doentes ficam totalmente livres de crises.
O Programa de Cirurgia de Epilepsia da ULS de Coimbra faz monitorizações invasivas e não invasivas, recorrendo a técnicas de monitorização e mapeamento intra-operatório ou extra-operatório, com grelhas/fitas subdurais ou stereoEEG (SEEG). Existe, ainda, a possibilidade de realizar cirurgias não ressectivas, incluindo diversos tipos de
neuroestimulação, como a estimulação do nervo vago (VNS), estimulação cerebral profunda (DBS) e outras novas formas de estimulação.
Atualmente, e 25 anos depois de ter dado os primeiros passos, a nível nacional, o Programa de Cirurgia de Epilepsia da ULS de Coimbra é full member da Rede Europeia de Referência em Epilepsias Raras e Complexas (EpiCARE), desde 2017; participa em projetos de investigação internacionais e em ensaios clínicos internacionais; e criou um Programa Formativo na área da Neurofisiologia Clínica (Ciclo de Estudos Especiais de Neurofisiologia Clínica), para além dos programas formativos habituais no âmbito das especialidades.
“A existência na mesma instituição de todas as valências necessárias para uma completa avaliação cirúrgica – Imagiologia, Medicina Nuclear, Neurofisiologia, Neuropsicologia, Neuroanestesia, Psiquiatria – foi essencial para o desenvolvimento desta área”, frisa Alexandre Lourenço, Presidente do Conselho de Administração da ULS de Coimbra. “O nosso Programa de Cirurgia de Epilepsia é mais um excelente exemplo da excelência única do Serviço Nacional de Saúde. A equipa responsável por esta área – em que, mais uma vez, Coimbra foi pioneira – está de parabéns pelo trabalho distintivo que tem feito.”