A Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou aos países da África Subsaariana para investirem numa cobertura sanitária universal, referindo que os seus custos serão inferiores às despesas associadas no tratamento de doenças.
No relatório apresentado durante o II Fórum da OMS sobre a Saúde em África, que se realizou na cidade da Praia, Cabo Verde, até quinta-feira, a agência das Nações Unidas para a saúde calculou os custos associados à perda de produtividade resultante de doenças e epidemias nos 47 países da região.
Em “Um Pesado Fardo: O Custo da Doença na Produtividade em África” (“A Heavy Burden: The Productivity Cost of Illness in Africa”), a OMS estima que as doenças e epidemias que afetam a África Subsaariana tenham provocado perdas próximas dos 2,43 biliões de dólares internacionais em 2015.
Os dólares internacionais são uma unidade monetária fictícia que tem o mesmo poder de compra que o dólar norte-americano, explica a OMS no relatório.
No documento, a Organização Mundial de Saúde, aponta que, ainda assim, “aproximadamente 47% do custo de doenças na produtividade poderá ser evitado (ou poupado) em 2030, caso os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável referentes às condições de saúde sejam alcançados”.
Para alcançar este valor, a OMS calculou os anos de vida ajustados à incapacidade (DALY – Disability-Adjusted Life Year), um indicador que representa os anos perdidos de vida saudável devido a doença, lesão ou fator de risco, e estimou o efeito destas condições na produtividade de cada um dos países.
Os DALY resultam da soma dos anos de vida perdidos (YLL – Years of Life Lost), medidos através da mortalidade prematura, e dos anos vividos com incapacidade (YLD – Years Lived with Disability).
O relatório aponta ainda que, em 2015, a África Subsaariana perdeu 629,6 milhões de anos de vida saudável.
Em média, cada um dos 993 milhões de habitantes na África Subsaariana terá perdido 231 dias da sua vida saudável devido a doença e epidemias em 2015.
Em termos ‘per capita’, o país mais afetado foi a República Centro-Africana, que terá visto cada um dos seus cidadãos a perder um ano de vida saudável, seguindo-se o Chade, com menos 357,7 dias, e Angola, onde as condições de saúde terão retirado 346,8 dias de vida saudável à população.
Segundo a OMS, as populações da Guiné-Bissau e de Moçambique viram a sua vida saudável ser afetada em 262,8 dias e 255,5 dias, respetivamente.
Os cidadãos da Guiné Equatorial terão tido a sua vida saudável reduzida em 178,85 dias, cerca de meio ano, ao passo que em São Tomé e Príncipe, a OMS estima a perda de 146 dias.
Cabo Verde registou os mais baixos valores DALY entre os 47 países analisados, com a OMS a calcular a perda de 25% de um ano de vida saudável em 2015.
Segundo a OMS, anualmente, 14 milhões de africanos entram em situação de pobreza devido ao aumento dos gastos com saúde. Nesse sentido, a agência pretende atingir a cobertura sanitária universal em 80% dos países da África Subsaariana, onde esse tipo de apoio está pouco presente.