O hospital de campanha do INEM, que hoje foi certificado internacionalmente, está apto a partir para ajudar as populações vítimas do ciclone em Moçambique, caso haja necessidade.
O presidente do INEM, Luís Meira, disse à agência Lusa que o instituto de emergência médica teria “muito rapidamente condições” de enviar o seu equipamento de emergência usualmente conhecido como hospital de campanha para ajudar as populações de Moçambique.
“Se for essa a decisão, teremos muito rapidamente condições”, afirmou o responsável, lembrando contudo que é necessário garantir que a assistência enviada é a adequada e não impondo às autoridades locais qualquer fardo em termos de organização.
“Não basta estar disponível para ir, é preciso garantir que se vai em boas condições, sobretudos logísticas”, referiu.
O hospital de campanha do INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica – recebeu hoje a certificação da Organização Mundial de Saúde, passando a poder integrar missões humanitárias de resposta em acidentes graves ou catástrofes a nível internacional.
O processo de certificação estendeu-se por vários meses, mas foi hoje concluído e formalizado em Lisboa, com a presença de peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre eles o médico português Nelson Olim.
“É um passo gigante que o INEM deu neste momento, de ter a sua estrutura médica de emergência em linha com o que são os novos ‘standards’ internacionais pela OMS”, afirmou Nelson Olim à agência Lusa.
Segundo o perito da OMS, o INEM passa a fazer parte de “um grupo muito restrito” de 23 equipas a nível internacional que passam a ter esta certificação dos seus módulos de emergência médica, vulgarmente designados como hospitais de campanha.
Esta certificação permite que, uma vez no terreno, as equipas estejam mais coordenadas, possam partilhar recursos, organizar-se e “prestar uma assistência muito mais eficaz”.
Com este programa de certificação, a OMS pretende que as equipas de emergência, quando vão para o terreno, “não se tornem elas próprias um peso”.
“Até aqui, muita da resposta internacional era feita de uma forma um pouco ‘ad hoc’ com equipas que se constituíam em resposta à emergência e as pessoas mandavam aquilo que tinham”, explica Nelson Olim.
A partir de agora, estas equipas e equipamentos certificados, como o do INEM, passam a ter de ser autossustentáveis quando vão para o terreno, tendo de garantir a própria alimentação, consumíveis, medicamentos e tudo o mais que seja necessário.
O hospital de campanha português está previsto para ter 27 profissionais que garantam o seu funcionamento durante 14 dias, como explicou à Lusa o presidente do INEM, Luís Meira.
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O primeiro de dois aviões C-130 da Força Aérea Portuguesa, com uma Força de Reação Imediata constituída por 25 fuzileiros, dez elementos do Exército, três da Força Aérea e dois da GNR (equipa cinotécnica), é esperado hoje na Beira, para apoiar as operações de busca e salvamento.
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