Nos dias 29 e 30 de novembro, a cidade do Porto receberá o 25.º Congresso do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDVC), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI). Este evento tem como principal objetivo divulgar novas evidências científicas e fomentar o debate entre especialistas sobre a prevenção, avaliação e tratamento dos doentes com doença vascular cerebral (DVC), com ênfase no acidente vascular cerebral (AVC).
Luísa Fonseca, coordenadora do NEDVC, explica que o congresso visa “promover a divulgação e o debate na classe médica sobre as novas evidências na prevenção, avaliação e tratamento dos doentes com DVC”, além de “incentivar a investigação clínica”. No encontro serão abordados temas como o tratamento na fase aguda da hemorragia cerebral e os fatores de risco cardiovascular, como a hipertensão, a diabetes e a dislipidemia, além de se discutir a relação entre as alterações do sono e a DVC.
Um dos destaques será a sessão de controvérsias, onde se irá debater a melhor abordagem para doentes com AVC isquémico e ASPECTS baixo, bem como a opção terapêutica mais adequada para doentes com mais de 60 anos e Foramen Ovale Patente (FOP). O congresso também assinalará os 10 anos da definição de ESUS (Embolic Stroke of Undetermined Source), com uma palestra sobre a pertinência de manter esta categorização na prática clínica.
No campo da investigação serão apresentados avanços importantes, como a terapêutica de fase aguda na oclusão da artéria basilar e as últimas evidências sobre o uso da tenecteplase na trombólise. Além disso, serão revisitados temas como o AVC em doentes jovens, a vasculite do sistema nervoso central e a síndrome de Moyamoya, doenças raras, mas de diagnóstico complexo, exigindo dos clínicos um elevado grau de sensibilização para garantir o tratamento adequado. Também serão apresentadas as mais recentes guidelines sobre a DVC, o que, segundo Luísa Fonseca, “tem sido um dos temas de maior interesse entre os congressistas ao longo dos anos”.
Os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde no combate ao AVC em Portugal são vastos e multifacetados. “A cada hora, três portugueses sofrem um AVC, um deles não sobrevive, e metade dos sobreviventes fica com sequelas incapacitantes”, alerta a coordenadora do NEDVC. A especialista enfatiza a necessidade de educar a população para reconhecer os sinais de alerta e contactar rapidamente o 112, permitindo que mais doentes cheguem ao hospital a tempo de receber o tratamento adequado, minimizando assim o risco de sequelas graves. Além do diagnóstico precoce e do tratamento na fase aguda, Luísa Fonseca sublinha a importância da reabilitação, muitas vezes “negligenciada”, mas essencial para a recuperação funcional, cognitiva e psicossocial dos doentes.
O congresso também terá impacto direto na prática clínica, proporcionando a partilha de novas evidências e experiências entre os profissionais de saúde. A coordenadora destaca o workshop sobre decisões terapêuticas controversas, em que “casos clínicos complexos serão discutidos por especialistas de várias áreas”, num modelo que promove a interação com os congressistas. Além disso, dois cursos de formação pós-graduada, um sobre trombólise e trombectomia e outro sobre neuroimagem no AVC, ambos com avaliação, contribuirão para a capacitação dos clínicos nesta área. A investigação será igualmente incentivada através do Prémio AVC e Investigação Clínica, que oferece ao vencedor um estágio de três meses num centro de referência europeu.
A prevenção primária e secundária também será um tema central do congresso, dado que “o AVC pode ser evitado em 80% dos casos”, afirma a coordenadora do NEDVC. Para além de abordar os fatores de risco cardiovascular, o evento irá debater a abordagem a doentes com enfartes cerebrais silenciosos, a terapêutica na doença aterosclerótica e a melhor estratégia para doentes com fibrilhação auricular. Com o aumento previsto da população idosa nas próximas décadas, o NEDVC terá um papel crucial na sensibilização para a necessidade de prevenção e tratamento precoce. “É importante tentar reduzir as consequências do envelhecimento e garantir que a população tem acesso a cuidados de saúde adequados”, conclui Luísa Fonseca.
Este congresso, ao ser uma plataforma para a atualização científica e partilha de conhecimentos, promete ser um marco na melhoria dos cuidados prestados aos doentes com DVC em Portugal, reforçando a importância da formação contínua e da colaboração entre especialistas na área da saúde.
Inscrições aqui – https://www.spmi.pt/25o-congresso-do-nucleo-de-estudos-da-doenca-vascular-cerebral/