A nevralgia do trigémio, também conhecida como tique doloroso, carateriza-se por uma dor súbita na face, habitualmente num dos lados, de grande intensidade, breve, tipo facada ou choque elétrico. Pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade, mas o seu início ocorre, mais frequentemente, após os 50 anos de idade em mais de 90% dos casos.
Cada episódio de dor dura entre alguns segundos e dois minutos, mas pode ser seguido rapidamente de outro ataque. Podem ocorrer entre 10 a 70 episódios num dia e com a progressão da doença, os ataques tendem a durar mais.
Esta dor pode ser desencadeada com o processo de mastigação e fala (em 76% dos casos), com o toque (65% dos casos) ou como reação ao frio, o que acontece em 48% dos doentes.
O diagnóstico desta doença é simples, dadas as caraterísticas da dor. Nos casos em que não é possível identificar a sua causa pode ser recomendada a realização de um exame de ressonância magnética para excluir a presença de lesões, como quistos ou tumores, malformações vasculares, placas de esclerose múltipla ou a compressão vascular do nervo trigémio.
O tratamento médico pode ser farmacológico, baseado no uso de medicamentos antiepiléticos, ou não farmacológico, onde se inclui, nas situações mais graves, o recurso à cirurgia.
Face à intensidade da dor, gravidade e impacto negativo na qualidade de vida, os doentes ficam, em grande parte dos casos, deprimidos, com uma sensação de incapacidade que os pode levar a cometer suicídio. A nevralgia do trigémio é, nos Estados Unidos, a primeira causa de suicídio por dor não oncológica no idoso.
A nevralgia do trigémio é um dos tipos de dor neuropática. Os seus sintomas são, frequentemente, descritos como sensações de queimadura, formigueiro, picadas e dormência.
Este ano, as comemorações do Dia Nacional da Luta Conta a Dor, que se assinala a 17 de Outubro, terão como enfoque a dor neuropática.
BEATRIZ CRAVEIRO LOPES
Membro da direção da Associação para o Desenvolvimento da Terapia da Dor (ASTOR)