De acordo com os peritos de toda a União Europeia, é necessário um maior empenhamento, sensibilização e colaboração para concretizar todo o potencial do Espaço Europeu de Dados de Saúde (EHDS). O EHDS foi concebido para criar um sistema à escala da UE para os dados de saúde dos cidadãos, a fim de melhorar os cuidados de saúde a nível transfronteiriço. A Comissão Europeia espera que a iniciativa EHDS venha também a aumentar as oportunidades de investigação, fornecendo aos académicos e à indústria um volume significativo de dados de saúde para estudar.
“Os dados têm o potencial para transformar os cuidados de saúde na Europa, alimentando a investigação inovadora e a formação de modelos avançados de IA, que podem melhorar o diagnóstico ou acelerar o desenvolvimento de medicamentos. O ritmo acelerado a que os compostos farmacêuticos nativos digitais atingem as fases de ensaio clínico e a prevalência da IA na radiologia, reduzindo os tempos de diagnóstico, evidenciam os ganhos possíveis com o uso eficaz dos dados. Estas mudanças sublinham a importância de uma gestão de dados sólida e de normas éticas para concretizar plenamente o potencial dos dados de saúde para impulsionar a inovação e melhorar os serviços de saúde em toda a Europa. A iniciativa EHDS tem um papel fundamental a desempenhar nesta transformação, no entanto, continuam a existir obstáculos significativos antes de conseguirmos concretizar este potencial”, afirma Mafalda Carvalho, Diretora do Gabinete de Inovação Clínica da ULS Santa Maria.
Num novo relatório do grupo de reflexão do EIT Health, que faz parte do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), um organismo da União Europeia, os peritos de toda a União analisaram os potenciais obstáculos e soluções em seis dimensões de implementação: governação, capacidade e competências, recursos e financiamento, qualidade dos dados, relação entre utilização primária e secundária, sensibilização e, por último, mas não menos importante, educação e comunicação para uma cultura baseada em dados nos cuidados de saúde.
O documento “Implementing the European Health Data Space across Europe” foi publicado na sequência de uma série de mesas redondas que envolveram líderes das áreas da saúde pública, dos cuidados de saúde e da economia dos dados de saúde, incluindo uma realizada em Portuga, em junho passado. A mesa redonda em Portugal contou com a participação de líderes de opinião proeminentes no ecossistema de saúde local, incluindo Catarina Batista, Administradora Hospitalar e Membro do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Norte de Lisboa; Fernando Melo, Diretor dos Serviços de TI do Centro Hospitalar e Universitário do Norte de Lisboa; Filipa Fixe, membro do Conselho de Supervisão da EIT Health; Joana Feijó, Diretora de Desenvolvimento de Negócios do Health Cluster Portugal; Nuno Costa, Vogal do Conselho de Administração da SPMS, EPE (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde); Pedro Ramos, Co-Fundador e CEO da Promptly e Membro Externo do Conselho Consultivo do piloto EHDS Health Data@EU; Alexandre Lourenço, Vogal da Comissão de Gestão da EIT Health para o EHDS; Júlio Pedro, Administrador Hospitalar do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte; Sérgio Dias, Diretor da Rede Nacional de Biobancos; e Patricia Gouveia, Diretora Executiva da Johnson & Johnson Portugal. Os seus conhecimentos foram consolidados no final de 2023, antes do acordo provisório sobre o Regulamento EHDS ter sido alcançado pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu no mês passado.