27Que o stress é inimigo de uma sexualidade saudável e prazerosa não é novidade. Mas, se somarmos a pressão (tanto pessoal, como social) para alcançar uma gravidez que tarda em chegar, a vida sexual do casal pode ser “atropelada” por um turbilhão de acontecimentos.
Os casais à procura de um filho passam por várias fases. Inicialmente, sem problemas de fertilidade à vista, continuam a manter relações como habitualmente. Depois, passam por ajustar essas relações aos dias férteis e, quando veem que a gravidez não é facilmente alcançada, aumentam essa frequência para alcançá-la.
Nesta última fase, a frustração de não alcançar o objetivo desejado começa a tomar conta do casal. O que era divertido e emocionante torna-se, pouco a pouco, menos apetitoso e até mesmo insatisfatório no contexto de uma
sexualidade planeada. “A paixão e a espontaneidade iniciais podem desaparecer com o passar do tempo. A nível sexual, a partir do sexto mês, as taxas de stress e ansiedade causadas pelo contacto íntimo começam a aumentar e, a médio e longo prazo, podem traduzir-se no aparecimento de disfunções sexuais”, explica Vânia Costa Ribeiro, ginecologista e especialista em Procriação Medicamente Assistida no IVI Lisboa.
Nos homens, é mais comum encontrar alterações na ereção ou ejaculação precoce. Nas mulheres, há uma diminuição do desejo, incapacidade de orgasmo ou mesmo desconforto ou dor devido ao stress que o ato pode
gerar, bem como uma diminuição na resposta sexual em ambos.
Como enfrentar a situação e reeducar o desejo
Evitar falar sobre o assunto só vai piorar a situação e afastar cada vez mais o casal. E quando chega o momento em que a dinâmica sexual se deteriorou, ou até desapareceu, o casal precisa dar um passo em frente e procurar a ajuda de um especialista.
O apoio psicológico será útil para delinear as melhores estratégias para ajudar os casais a superar dificuldades. Após uma avaliação da situação inicial, o specialista ajudará a “reprogramar”; esta área da intimidade do casal, separando-a da finalidade reprodutiva e afastando sentimentos de ansiedade.
“Muitos casais já nos chegam com uma mochila de exaustão emocional depois de meses de tentativas falhadas. Estamos a falar de um contexto em que as relações sexuais podem tornar-se sinónimo de medo do fracasso ou de dor
emocional. E é por isso que é essencial ter ferramentas para desbloquear essas sensações e reativar o desejo”, sublinha a especialista.
“Devemos olhar para a sexualidade como um todo e não nos focarmos apenas na função reprodutiva. E, claro, o sexo em si é um grande aliado para melhorar e recuperar a comunicação nos casais”, conclui.



















