“Não à destruição do SNS”, “É preciso salvar o SNS”, “O povo merece o SNS”, “1,5 milhões de pessoas sem médicos de família”, “Viva o SNS, Juntos na defesa do SNS”, “Manuel Pizarro (ministro) vem à janela, os teus colegas estão em guerra” e “Costa escuta, os médicos estão em luta” foram alguns dos cartazes e palavras de ordem da manifestação, realizada no primeiro de dois dias de grave nacional convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
A greve começou às 00:00 de hoje e prolonga-se até às 24:00 de quinta-feira, para exigir a renegociação da carreira médica e respetiva grelha salarial, que inclua um horário base de 35 horas, com atualização remuneratória, a dedicação exclusiva opcional e majorada e a consideração do internato médico como primeiro grau da carreira.
Em declarações aos jornalistas, Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, referiu que os médicos, sabendo que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, se encontrava no interior do Ministério, o convidaram a “descer” do edifício e a estar ao lado “dos colegas”, na rua, porque “ele sabe qual é o problema dos médicos e do SNS”, numa altura em que “todos os dias há profissionais a sair do SNS”.
A presidente da FNAM criticou a postura negocial do Governo e advertiu que a FNAM “não aceita negociar a perda de direitos”, dizendo que a “negociação tem que ser séria, para cativar os médicos a ficar no SNS”.
“O ministro tem de escolher por que caminho quer ir”, adiantou Joana Bordalo e Sá, admitindo que a greve pode afetar os utentes do SNS, mas lembrando que “a luta dos médicos por condições de trabalho dignas e salários justos é também uma luta pelos utentes e pela melhoria do SNS que os serve”.
“É preciso que o ministro Manuel Pizarro nos oiça e atenda as nossas reivindicações”, concluiu a presidente da FNAM.
Entre os manifestantes esteve o médico Gustavo Capelão que, em declarações à Lusa, justificou a sua presença no protesto com o facto de o Ministério da Saúde “teimar em não negociar”.
“Queremos recuperar o poder de compra que perdemos, ou seja mais de 18% nos últimos anos e recuperar direitos que tínhamos no passado e voltamos a perder. Queremos condições de trabalho dignas, que não temos”, disse o médico, lamentando que, devido à falta de resposta às reivindicações, sejam cada vez menos os médicos que permanecem no SNS.
Na manifestação estiveram presentes dirigentes políticos como o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que manifestaram para com a luta dos médicos e alertaram para a necessidade de o Governo investir no SNS e nos seus profissionais.
No local compareceu também a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, que apelou para o “reforço do SNS” e criticou a “degradação das condições de trabalho” dos profissionais da saúde, dizendo ser preciso uma “mudança de rumo no país”.
Também Dina Carvalho, da UGT, lembrou o “descontentamento geral” destes profissionais e lembrou que os médicos não querem apenas “palmas” do governo pelo seu empenho e profissionalismo durante a pandemia por covid-19 mas “reconhecimento” e valorização das carreiras.