Nos últimos dias várias notícias deram conta de situações de caos e longos tempos de espera em serviços de urgência de vários hospitais portugueses, nomeadamente o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), onde os tempos de espera chegaram a atingir as 22 horas.
Perante esta situação, o Núcleo de Estudos de Urgência e do Doente Agudo (NEUrgMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna defende que são necessários mais médicos a trabalhar nos serviços de urgência (SU) em Portugal e, para isso, é preciso atrair novos profissionais, criando melhores condições de trabalho e de remuneração e desenvolvendo a capacidade de manter à frente das urgências os profissionais mais diferenciados e com mais experiência. Urge, por isso, diminuir as restrições na contratação de médicos, que levaram a que alguns hospitais não consigam manter um número de clínicos adequado ao funcionamento pleno dos SU.
Maria da Luz Brazão, coordenadora do NEUrgMI, considera que “os médicos que trabalham nas urgências têm que ser valorizados. O trabalho desenvolvido nas urgências é sujeito a grande pressão não só pela grande afluência de doentes aos SU mas e acima de tudo porque a abordagem dos doentes em contexto de urgência exige uma enorme destreza e sistematização de atitudes, detecção rápida e sequencial das disfunções que possam pôr em risco a vida, e instituição de tratamento imediatamente após a sua identificação.
É necessário raciocinar e diagnosticar com grande rapidez e eficácia, com o risco de erro sempre eminente. Se as condições de trabalho não forem melhoradas, especialmente no que diz respeito à remuneração, dificilmente conseguiremos atrair mais médicos para esta atividade assistencial que precisa, claramente, de mais e melhores profissionais.”.
Lembramos que a Medicina Interna é a especialidade nuclear dos SU, onde assume a assistência direta ao doente e tem um papel de coordenação das outras especialidades médicas.