Um maior conhecimento da microbiologia das águas minerais naturais e a validação científica dos tratamentos termais com este recurso são os objetivos de um estudo apresentado hoje pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
O estudo, designado por “Hidrogenoma – Uma nova Visão Estratégica para as Águas Minerais Naturais”, foi apresentado esta manhã no Centro de Congressos de Lisboa, durante um seminário onde se discutiu as potencialidades deste recurso natural.
Em declarações à agência Lusa, a diretora de Serviços de Recursos Hidrogeológicos e Geotérmicos da DGEG, Carla Lourenço, explicou que este estudo durou dois anos e meios e baseou-se na análise de 80 águas minerais de Portugal, usadas em termalismo e em engarrafamento.
“Nós sempre sentimos que do ponto de vista físico-químico estas águas se encontram bem estudadas, mas do ponto de vista do seu microbismo natural não”, justificou.
A responsável ressalvou que se trata do “pontapé de saída” para uma “análise mais profunda” às características de cada uma das águas minerais existentes, que permita que tenham uma “identidade própria”.
“Tendo cada água mineral a sua identidade e sabendo-se que existem aqueles micro-organismos, um determinado utente já pode ir à estância termal A e não à B porque tem os micro-organismos que, do ponto de vista científico, fazem bem à maleita que a pessoa tem”, exemplificou.
Nesse sentido, Carla Lourenço acredita que este estudo irá contribuir para “credibilizar o termalismo em Portugal”, setor que assenta atualmente as suas indicações terapêuticas em critérios empíricos ou apenas na composição química das águas.
Relativamente às águas minerais naturais engarrafadas, a responsável da DGEG sublinha que este estudo poderá trazer benefícios na determinação do prazo de validade e na escolha de materiais mais adequados para o seu transporte e conservação.
“Os prazos de validade são meramente indicativos e nós gostaríamos que tendo em conta a sua microbiologia natural esses prazos deixassem de ser indicativos e passassem a variar de água mineral para água mineral, de acordo com as suas especificidades”, apontou.
Carla Lourenço disse ainda que o conhecimento do micro-organismo presente em cada uma das águas vai permitir que os concessionários possam introduzir nos rótulos indicações terapêuticas.
“Os concessionários poderão com a determinação do micro-organismo natural fazer de uma forma mais sustentada e científica menções na rotulagem como, por exemplo, que faz bem à digestão”, exemplificou.