A Federação Europeia dos Hospitais e Cuidados de Saúde (HOPE) e a CDI Europe promoveram, no dia 2 de dezembro, um debate no Parlamento Europeu sobre a infeção por Clostridium difficile (CDI), infeção hospitalar grave que representa um grande impacto económico para os sistemas de saúde.
Durante o evento, foi apresentado o maior consenso a nível europeu sobre esta infeção, elaborado por mais de 1000 especialistas, com recomendações que visam colmatar as atuais lacunas que existem a nível de diagnóstico, tratamento, controlo e vigilância e melhorar a gestão e o tratamento desta grave infeção hospitalar.
Este consenso identifica 29 diretrizes que incidem sobre o diagnóstico; as lacunas no tratamento; a recorrência da infeção, que constitui um dos pontos mais alarmantes na CDI, e as suas consequências; a prevenção e controle da infeção; a educação para a toma sensata de antibióticos; e orientações clínicas e políticas nacionais para a CDI.
Os especialistas recomendam a implementação da definição de algoritmos para a seleção, a colheita e o teste de amostras das fezes; uma definição do tratamento ideal para doentes com comorbilidades; a promoção do uso racional de antibióticos, através da educação aos profissionais de saúde; e a garantia de criação de políticas nacionais de vigilância, prevenção, diagnóstico e tratamento do CDI em toda a Europa.
A iniciativa no Parlamento Europeu alertou para o impacto da CDI no âmbito da política de ação europeia sobre as infeções associadas aos cuidados hospitalares (IACS), com a apresentação de estudos económicos que evidenciam o impacto económico desta doença e as poupanças que podem ser alcançadas com um tratamento mais custo-efetivo. A infeção por Clostridium difficile é uma doença potencialmente fatal e uma das mais comuns infeções hospitalares na Europa. Estima-se que os custos com a doença ascendam aos 3 mil milhões de euros por ano na Europa.
Na Europa, a incidência e a gravidade da CDI está a aumentar e representa uma grande ameaça para os sistemas de saúde e doentes. Um estudo realizado na Alemanha mostra que o tratamento dos doentes com CDI é cerca de 7.000€ mais caro do que os doentes sem esta infeção.
Especialistas alertaram para a necessidade de uma ação urgente na melhoria do tratamento, diagnóstico, vigilância e controlo da doença.
O maior problema associado ao tratamento de CDI é a recorrência da infeção, facto que causa maior sofrimento ao doente e aumenta substancialmente os custos de saúde. Os doentes hospitalizados com CDI têm até três vezes mais probabilidades de morrer no hospital do que aqueles sem a infeção. Cerca de 25% dos doentes com esta infeção sofrem recorrência no espaço de um mês e os doentes que já tiveram uma recorrência têm um risco 40% superior de sofrer um novo episódio de CDI.
A deputada do Parlamento Europeu, Karin Kadenbach, comenta que “os Estados Membros já fizeram nos últimos anos um bom progresso a nível da segurança dos doentes e das medidas relacionadas com as infeções associadas aos cuidados hospitalares, contudo a crise económica retardou este progresso e este assunto já não é prioritário para as agendas governamentais.
Tendo em conta que muitas das infeções hospitalares são evitáveis, a Comissão espera que a aposta na prevenção e em medidas de controlo desta infeção dê origem a poupanças na saúde pública, mas para tal é necessário uma ação imediata”. A.