A Associação Pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBI) apresentou ao Governo um plano de medidas para apoiar e estimular o uso dos modos ativos de deslocação como meio preferencial de transporte, após o período de confinamento, foi hoje anunciado.
“O período de confinamento e estado de emergência permitiu-nos, entre todas as dificuldades, assistir como seriam as nossas cidades quase sem carros e com níveis de qualidade do ar que já quase tínhamos esquecido serem possíveis. Voltar à anterior ‘normalidade’ não é uma opção”, salientou o presidente da MUBI, Rui Igreja, citado em comunicado.
De acordo com a associação, é muito provável que a utilização da bicicleta venha a assumir um papel indispensável na mobilidade dos cidadãos, como na crise económica de 2008.
“Esta é uma oportunidade de definitivamente abraçarmos a mudança de paradigma das políticas de mobilidade, tornando as nossas cidades mais humanas, seguras, saudáveis e ecológicas”, afirmou o dirigente.
O plano de 10 medidas que a MUBI propõe ao Governo deve contemplar um grupo de trabalho para definir orientações e recomendações de medidas de apoio, garantindo segurança do risco de contágio da covid-19 e do risco rodoviário.
A associação pede a implementação de corredores sanitários de emergência, como o fecho de ruas ao tráfego automóvel, supressão de vias de trânsito, medidas de acalmia de tráfego motorizado, alargamento de passeios ou criação de ciclovias.
Segundo a MUBI, deverá ser criado também um fundo de apoio às administrações locais para implementarem as medidas recomendadas.
A Associação Pela Mobilidade Urbana em Bicicleta aconselha o limite de velocidade dentro das localidades para 30 quilómetros/hora, como também uma fiscalização mais efetiva de comportamento de risco na condução de veículos motorizados.
Recomendando a deslocação a pé ou em bicicleta, a MUBI solicita ao Governo o lançamento de um programa de incentivos fiscais e financeiros em bicicleta e que o programa de recuperação económica tenha em conta os benefícios socioeconómicos para uma mobilidade sustentável.
A associação propõe ainda a aceleração da implementação da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável 2020-2030, adaptada à covid-19, o reforço do incentivo do Estado para adquirir bicicletas elétricas e apoio à micrologística em bicicleta.
Para a MUBI, a mobilidade a pé e em bicicleta permite manter o distanciamento para evitar contágios, desde que sejam asseguradas as indicações oficiais de proteção da saúde pública.
De acordo com a MUBI, “é preocupante a aparente inércia do Governo e autarquias portuguesas nesta matéria”, acrescentando que várias cidades do mundo têm vindo a implementar medidas e infraestruturas de emergência, retirando espaço à circulação automóvel.