O Infarmed acaba de autorizar a utilização de FAMPYRA (fampridina, comprimidos de libertação prolongada), o primeiro tratamento destinado a combater as disfunções da marcha em doentes com Esclerose Múltipla (EM).
Trata-se do primeiro tratamento que demonstrou ser eficaz em pessoas com todos os tipos de EM, tanto na forma surto-remissão, como nas formas secundária progressiva, primária progressiva e progressiva recidivante.
De acordo com um estudo publicado em 2011, cerca de 93% dos doentes com EM reportam problemas de mobilidade nos primeiros 10 anos do diagnóstico.[i] Atualmente verifica-se um aumento do absentismo laboral, e consequentemente diminuição dos rendimentos, nos doentes que apresentam problemas da marcha, sendo que estes problemas são também responsáveis por uma diminuição da qualidade de vida dos doentes e cuidadores.
FAMPYRA aumenta a função neurológica através da melhoria da condução dos impulsos nervosos através dos neurónios desmielinizados.
Em ensaios clínicos, os doentes que responderam a FAMPYRA apresentaram uma melhoria significativa na velocidade da marcha superior a 25 por cento e ficou demonstrado que FAMPYRA traz melhorias significativas na qualidade de vida dos doentes. FAMPYRA pode ser usado em monoterapia ou conjuntamente com outras terapêuticas para a EM, incluindo medicamentos imunomoduladores.
Para Ana Martins da Silva, especialista do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António, “FAMPYRA representa um avanço importante no tratamento de um dos sintomas mais frequentes e incapacitantes para os doentes com EM. É um fármaco que melhora a marcha e a qualidade de vida destes doentes, independentemente do curso da doença ou da sua duração. Trata-se de um fármaco com algumas características, como sejam a facilidade de administração (2 comprimidos por dia), rápida e simples avaliação da resposta ao tratamento (em 15 dias na maioria dos doentes) e perfil de segurança bem conhecido. Considero estes fatores importantes para uma adequada utilização na prática clinica, assegurando a acessibilidade do fármaco aos doentes com EM e perturbação da marcha, os quais podem vir beneficiar deste novo medicamento. Por fim, realço que a combinação de fármacos adequados, como FAMPYRA, e programas de fisioterapia individualizados e regulares, são indispensáveis para a melhoria da marcha e consequentemente da incapacidade dos doentes com EM.”
Fátima Paiva, presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla explica que “este é um medicamento cuja comparticipação aguardamos com bastante expectativa desde 2011, pois sabemos que é a única solução disponível para alguns portadores, especialmente para os casos de EM secundária progressiva e para todos aqueles que vêm a sua mobilidade afetada, representando a possibilidade de recuperar alguma qualidade de vida”.