O número de doentes a iniciarem tratamento substitutivo da função renal em Portugal voltou a aumentar em 2014 com a entrada de 2473 novos doentes. Esta é uma das principais conclusões do Gabinete de Registo da Sociedade Portuguesa de Nefrologia para o tratamento da doença renal crónica terminal.
A incidência total de novos doentes em diálise aumentou pelo segundo ano consecutivo – quase 235 novos doentes por milhão de população –, após ter-se verificado uma diminuição em 2011 e 2012. Relativamente à faixa etária destes novos doentes, quase 60% têm mais de 65 anos e 18% mais de 80 anos.
De acordo ainda com os dados do registo, referentes a 2014, embora o número de transplantes renais não tenha aumentado no ano em análise, foram transplantados 24 doentes de forma direta, sem necessidade de fazer primeiro diálise, o que representa um acréscimo relativamente aos anos anteriores.
Estes e outros aspetos relacionados com a qualidade do Tratamento Substitutivo da Função Renal em Portugal vão estar em análise no Encontro Renal 2015 que decorre em Vilamoura, entre os dias 15 e 18 de Abril e que integra o XXIX Congresso da APEDT – Associação Portuguesa e Enfermeiros de Diálise e Transplantação –, e o VII Congresso Luso-Brasileiro de Nefrologia.
Fernando Macário, Presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação e Coordenador do Gabinete de Registo da DRC terminal da Sociedade Portuguesa de Nefrologia refere que “alguns índices assistenciais analisados mostraram ainda resultados muito bons na diminuição da mortalidade global e na melhoria nos acessos vasculares utilizados para a realização de hemodiálise com grande eficácia”.
No encontro renal 2015, considerado um dos maiores científicos na área da nefrologia, vai também estar em destaque o tema da Hepatite C. “A infeção pelo vírus da Hepatite C afeta cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo e é, por isso, um problema de Saúde Pública. Na população de doentes com insuficiência renal crónica, seja em diálise seja transplantada, a prevalência desta infeção é ainda superior, sobretudo nos países menos desenvolvidos em que a transmissão da doença não está controlada”, refere Alice Santana, nefrologista do Hospital de Santa Maria.
E acrescenta: “Apesar de não existir ainda experiência com a utilização dos novos fármacos nos doentes transplantados renais, a presente discussão sugere que finalmente deverão ter opções eficazes e seguras de tratamento”.
“O encontro renal é um momento de partilha e aproximação entre especialistas nacionais e estrangeiros, bem como uma forma de dar a conhecer e discutir os últimos avanços no tratamento das doenças renais e as previsões futuras no que toca à prevalência destas patologias”, refere Fernando Nolasco, Presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, que reforça ainda que “relativamente à discussão do vírus C, importa perceber as especificidades da função hepática e perceber como é que as mesmas condicionam e afetam a função renal”.
Em Portugal, estima-se que cerca de 800 mil pessoas deverão sofrer de doença renal crónica. A progressão da doença é muitas vezes silenciosa, o que leva o doente a recorrer ao médico tardiamente, já sem qualquer possibilidade de recuperação.
Todos os anos surgem mais de dois mil novos casos de doentes em falência renal. Em Portugal existem atualmente cerca de 18 mil doentes em tratamento substitutivo da função renal (cerca de 2/3 em diálise e 1/3 já transplantados), e cerca dois mil aguardam em lista de espera a possibilidade de um transplante renal.
Mais informações e programa completo do Encontro Renal 2015 em: http://www.spnefro.pt/Encontro_Renal_2015/programa_cientifico.html